Surge mais uma nova distopia que promete ser um sucesso. A guera pela água começou...
Muito se tem falado a respeito dos
livros distópicos, e parece que esse gênero vai crescer e ser explorado à
exaustão assim como o gênero policial. Uma obra distópica é, obviamente, uma
obra contrária à utopia. Enquanto na utopia tem-se a ideia de um mundo
perfeito, na distopia temos o extremo da desgraça.
As distopias são
geralmente caracterizadas pelo totalitarismo, autoritarismo, por
opressivo controle da sociedade. Nelas, "caem as cortinas", e a
sociedade mostra-se corruptível; as normas criadas para o bem
comum mostram-se flexíveis. A tecnologia é usada como ferramenta de controle,
seja do Estado, seja de instituições ou mesmo
de corporações. Distopias são frequentemente criadas como avisos ou
como sátiras, mostrando as atuais convenções sociais e limites
extrapolados ao máximo. (Veja aqui a diferença entre distopia e apocalipse)
Êxodo - A Saga do Ouro Azul (Editora Autografia. 90 páginas. R$ 30,00) chega ao mercado (25-07-15) e promete inovar. A
trama se passa em 2065, desenrola-se na gigante
metrópole São Paulo, uma cidade hostil, que após o anuncio do
Governo sobre um “apagão definitivo”, ficou deserta. A água, nosso bem mais precioso, nosso "ouro azul", está em
falta! O mundo se vê desolado pela sede, pela desidratação. Sem água e
sem energia elétrica, a população desesperada fugiu formando um êxodo urbano,
travando todas as saídas da cidade, deixando muita gente para trás. Depois de
anos, os sobreviventes deste vasto deserto povoado pela incerteza, precisam se
juntar, encarar seus medos e iniciar um novo êxodo rumo a Terra Prometida. Episódios terríveis são acarretados, com grandes
perdas. Pessoas vagam pelas cidades roubando o que restou nas casas e carros
abandonados. Nessa jornada eles descobrem que o maior inimigo é própria
seca. Como é de praxe em todos os conflitos do
mundo, pós-apocalípticos ou não, há aqueles que se consideram superiores, que
acham que devem controlar tudo e todos, mesmo em meio à desolação. É o que
acontece com os “Filhos da Seca” uma tribo formada por militantes e liderada
por um misterioso homem intitulado de “Grande Irmão” que transforma as ruínas de São Paulo, num cenário de guerra pela
água disputando até o último gole de água. O tema é bem
explorado mostrando as consequências de um consumo capitalista e o
controle da água pelas superpotências, além é claro, do desespero
humano diante da seca. Mas o livro vai além das questões ambientais e
capitalistas, aborda também com uma linguagem própria que beira a poesia, os
sentimentos humanos, desde o nascimento de um bebê à solidão de um deserto. O
livro está recheado de citações bíblicas que demonstram é preciso ter fé para
sobreviver.
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