terça-feira, 31 de março de 2015

Água da Vida

Os contos que compõe a obra Êxodo - A Saga do Ouro Azul são cheios de referências Bíblicas e referências teológicas. Os nomes dos personagens, as citações Bíblicas, a luta para manter viva a fé.

Quando eu comecei a escrever eu lembrei da importância da água na Bíblia. Ela está presente desde Gênesis (E o Espírito de Deus pairava sobre as águas Gn 1,2), temos o dilúvio (7,17) e também a travessia do Mar Vermelho no livro de Êxodo (Ex 14).

Depois disso temos ainda muitas outras passagens em que a água tem destaque, como no livro de 1Reis que narra a história do profeta Elias e a maior seca já narrada na Bíblia. Por fim, no Novo Testamento a água se torna importante por causa do batismo.

No livro, a fé do povo está como a terra seca. Sem água, sem vida, sem fé. Os personagens têm dificuldade em manter viva a fé, pois não encontram esperança na terra. Quando falta o mínimo necessário para viver, é difícil ter fé. Por isso a fé parece bastante fragilizada na vida dos personagens.

Abaixo segue alguns trechos conto Confissões e suas referências Bíblicas: 

Sim o Senhor de toda a Terra, falou: “Muito tempo guardei silêncio, calava-me e me continha... Mas agora grito, como mulher nas dores do parto: minha respiração se precipita. Vou devastar montanhas e colinas, secar toda a vegetação, transformar os cursos de água em terras áridas, e fazer secar os tanques”[1]. É justo que julgue as nações, que venhas cobrar do povo os maus tratos a santa terra que nos destes para cultivar e guardar. Mas por nossa causa tornamos a terra maldita! Com trabalho penoso, dela tiramos todos os dias o nosso sustento. Tiramos mais do que precisamos explorando não só a terra, mas também o homem que nela habita.




[1] Isaías 42, 14-15.

Quando faltou água nas torneiras, isso em 2015, o acesso à água potável e saneamento passou a ser uma questão que envolvia mais que a maioria dos cidadãos. Indústrias, agricultura, comércios... Sem água, as pessoas começaram a se desesperar e correram para os mercados atrás de água para beber. Mas não era só a sede. Cozinhar, tomar banho, lavar roupas, limpar as casas, plantas e produzir. Clamamos a vós, Senhor, “porque o fogo devorou a erva do deserto, a chama queimou todas as árvores do campo; os próprios animais selvagens suspiravam por vós, porque as correntes das águas secaram, e o fogo devorou a erva do deserto”[1]. Cisternas, como nos tempos do rei Davi, começaram a ser instaladas em casas e prédios, e mesmo assim, a chuva cada vez mais escassa deixava as cisternas vazias.



[1] Isaías 42, 5

Com os preços exorbitantes, tornou-se impossível para muita gente manter energia em casa, e as empresas procuravam lugares mais baratos para produzirem, demitindo milhares e milhares de pessoas, que sem emprego, não conseguiam comprar alimento nos preços elevadíssimos por uma inflação descontrolada, e tudo caminhava para o caos do caos. A poderosa capital paulista foi perdendo seu poder econômico enquanto a população deixava a cidade, mas nada se igualou ao grande êxodo urbano no Dia do Senhor. “Dia de trevas e de escuridão, dia nublado e tenebroso!”[1]



[1] Joel 2, 2

A alma lavada em Vosso sangue, certo que perdoarás minhas obras, e depois de fechados meus olhos, abrirás os Vossos portões eternos na companhia de seus santos e mártires. “Aí repousaremos e veremos; veremos e amaremos e louvaremos. Eis o que haverá no fim sem-fim.”[1]



[1] Santo Agostinho, A Cidade de Deus, L. XXII, cap 30


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